![Paulo Cesar de Araújo]()
Paulo Cesar de Araújo está prestes a colocar um ponto final na nova biografia não autorizada do cantor Roberto Carlos. O livro, que sai pela Record até o início do segundo semestre, completa uma trilogia que começou com “Roberto Carlos em detalhes”, de 2006, e seguiu com “O réu e o rei”, de 2014.
Três anos foram suficientes para muita coisa acontecer, inclusive o desfecho, no STF, do caso das biografias — tema do segundo volume, que ganha o grand finale agora, no terceiro. “A defesa da censura das biografias foi a primeira causa pública que Roberto Carlos abraçou. Ele, que sempre se declarou aberto, apolítico”.
O autor acha que, justamente por causa da decisão do STF, RC não deve criar caso com o novo projeto. “Depois do 9 x 0 e do ‘cala a boca já morreu’, de Carmen Lúcia, não tem cabimento”, diz ele, referindo-se ao placar da votação dos ministros, que decidiram pela liberação da publicação das biografias não autorizadas. “Acho que é uma página virada”.
Outro ‘case’ que terá destaque é o famigerado episódio de Roberto com a Friboi. “Esse foi um dos maiores absurdos que ele cometeu. Chocou, foi um espanto, ninguém esperava. E não por ele ser vegetariano. Mas porque Roberto sempre se revelou sensível à causa animal”.
“Ele denunciou a matança de baleias, foi contra a caça aos pombos...”, continua. “Não poderia dar certo, tanto que o contrato foi cancelado, a Friboi processou, e ele demorou a receber. Aliás, só alguém muito focado no dinheiro toparia uma coisa dessas”.
Paulo Cesar torce o nariz para o lado empresário de RC — para ele, os empreendimentos imobiliários, os investimentos nos ramos turístico e agropecuário e os contratos publicitários estariam deixando o compositor longe de sua música. “Faz tempo que ele não lança um disco de inéditas, o último foi em 2003 (“Pra sempre”)”.
Para Paulo Cesar, “o que fica é a obra, era para ele estar concentrado em sua arte”. Se estivesse, na opinião do autor, Roberto teria composto muitos outros sucessos como “Esse cara sou eu”, uma de suas mais recentes composições, de 2012. “É uma grande canção”.
Aliás, são as composições que nortearão o novo livro. Paulo Cesar parte das músicas para abordar a vida do artista. “Nelas, ele fala dos pais, dos filhos, das mulheres que amou”.
A melhora no TOC também é assunto novo, já que ele cantou “Quero que vá tudo pro inferno” em dezembro passado, 30 anos depois de riscá-la de seu repertório por causa de superstições. Quando o assunto é o transtorno, Roberto, no entanto, ainda tem o que melhorar. A coluna esteve numa apresentação recente em que, na porta do camarim do cantor, havia o aviso: “Proibido pedir autógrafos”, assinado por sua produção.
“Isso é parte do TOC, aquela coisa de não ser surpreendido com a cor da roupa de uma pessoa, ela pode pedir a assinatura dele numa revista antiga de que ele não gosta...”, explica Paulo Cesar. “Quando Roberto recebe alguém no camarim, já tem um fotógrafo da produção, que evita um determinado ângulo. Tudo tem que funcionar conforme o ritual dele”.